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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

SER EU MESMO


Caminhava pelos corredores do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro quando me deparei com um jovem paciente lendo um livro de filosofia, achei aquilo estranho, ele não parecia pertencer àquele ambiente, destoava completamente. Resolvi então indagá-lo: - O que você faz aqui meu camarada? Ele me olhou por cima dos seus pequenos óculos redondos, analisando-me, percebendo que eu não era médico, enfermeiro ou paciente (ainda não), respondeu: - É muito simples. O meu pai vivia me mandando trabalhar, a minha mãe dizia para eu parar de ser vagabundo, o meu professor falava que eu não tinha talento algum, o pastor dizia que só Jesus na minha vida, minha namorada achava que desse jeito não vou ser um cara bem-sucedido, meus amigos do Facebook só curtiam e compartilhavam o politicamente correto - uma farsa - e queriam que eu fizesse o mesmo... Ninguém me olhava como se deve olhar um homem, mas como se olha no espelho. resolvi me internar aqui neste asilo. Pelo menos aqui eu posso ser eu mesmo.

De João Pinheiro Neto.
Baseado num conto de Kahlil Gibran.

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