Ajuricaba menino caminhava ao lado do seu mestre Uirapaié,
quando este lhe pediu que providenciasse um arco, uma flecha e um pedaço de
pano. Ajuricaba trouxe rapidamente o que o mestre pediu. Então, este pegou uma
flor e a pendurou pelo talo em uma árvore próxima, caminhou uns trezentos
passos e perguntou a Ajuricaba:
- Quantas vezes, meu menino, você já me viu acertar uma flor
a tal distância?
- Muitas vezes, querido mestre, e nunca errou! - Disse
Ajuricaba.
- Pois agora quero que você me cubra os olhos com este
pedaço de pano e me dê o arco e a flecha que hoje vou lhe ensinar outra lição.
– Falou-lhe o mestre.
Com os olhos vendados o mestre firmou seus pés na terra,
distendeu o arco com toda a sua energia – apontando na direção da flor – e disparou.
A flecha cortou o ar provocando um ruído agudo, mas nem
sequer atingiu a árvore, errando o alvo por uma distância constrangedora.
- Acertei? - perguntou Uirapaié, retirando o pano que cobria
seus olhos.
- Ah! O senhor errou, e por uma grande margem de erro –
respondeu Ajuricaba. – Achei que ia mostrar-me o poder do pensamento e sua
capacidade de fazer mágica.
- Eu lhe dei a lição mais importante sobre o poder do
pensamento – respondeu o velho pajé. – Quando desejar alguma coisa concentre-se
apenas nela: ninguém jamais será capaz de atingir um alvo que não consegue ver.
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