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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O ANJO VESTIDO DE PRETO


Estavam os três jovens no meio da ponte de madeira sobre o igarapé poluído entre as palafitas, Gel, Cláudio e Joab. O fedor de água podre parecia vir do inferno. A noite sem luar tornava o lugar com pouca iluminação ainda mais escuro. Conversavam baixinho, já passava das 22 h e eles não queriam acordar ninguém, pois iriam fumar o primeiro “baseado” de suas vidas. Quando Cláudio se preparava para acender o “bagulho”, eis que surge atravessando a ponte uma figura macabra vestida de preto que parecia estar descalço. Cláudio, por via das dúvidas, escondeu o “baseado” na mão para acender depois que a figura passasse. Mas, o inesperado aconteceu. Quando o sujeito de preto chegou ao meio da ponte onde se encontravam os três, ela caiu; e todos foram parar dentro do igarapé de água podre. Incrível! Como um gato a figura de preto subiu pelo que restou da ponte e continuou o seu caminho como se nada tivesse ocorrido. Os três jovens ilesos e imundos com muita dificuldade saíram da água. Não se aguentavam de tanta podridão entranhada nas roupas e no corpo. Gel dizia “Puta que pariu, olha meu cabelo”, Joab perguntava “Cadê o bagulho, Cláudio?”, e Cláudio respondia “Não sei onde foi parar, caiu no igarapé”. Saíram os jovens caminhando pela rua Emílio Moreira, totalmente “caretas” e embasbacados, sem compreender bem o que tinha acontecido e sem resposta para uma questão. Quem era aquele sujeito, um anjo ou um demônio?
Desde aquele incidente, Gel, Cláudio e Joab nunca mais pensaram em fumar maconha ou usar qualquer tipo de droga. E quando reunidos muito tempo depois com suas famílias, chegaram a seguinte conclusão: Se era um demônio, levou o “bagulho” com ele para o inferno; se era um anjo, foi uma lição, para mostrar a podridão das drogas em que iriam se meter. A droga suja o corpo e a alma. A água suja do igarapé saiu com um bom banho de água limpa e sabão.

De João Pinheiro Neto

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