Candinho quando começou a pensar que entendia de política,
acreditava que todo político é farinha do mesmo saco, só se interessa pelo
pobre quando precisa do voto dele, depois que é eleito já era. E nas rodadas
com amigos falava que se estivesse no lugar deles – dos políticos – também
faria a mesma coisa, aquele negócio do “rouba, mas faz”, ele iria roubar um
pouquinho porque ele não era besta.
Quando chegava tempo de eleição seu candidato era aquele que
iria ganhar com certeza, porque não queria perder seu voto. Candidato fraco não
ganha eleição, e ele não era um perdedor, como o seu time do coração ele era um
campeão. Se falavam de outro candidato para ele, logo retrucava que esse não
iria ganhar, que esse não tinha dinheiro, que esse quer é “se fazer”, que esse
coitado quer é roubar também.
Candinho é serviço gerais de uma grande empresa nacional e
ficou surpreso quando a Polícia Federal chegou para prender o “seu patrão”,
ficou mais surpreso ainda quando aquele político amigo do seu patrão também foi
preso e apareceu na Rede Globo. E foi vendo... foi vendo... Um após outro
político e empresário, um tal de lobista, um tal de marqueteiro, a esposa e os
filhos deles, e por aí vai, sendo presos. E foi vendo... foi vendo... Viu um
Juiz capa preta aparecendo como paladino da justiça mandando buscar e prender
todo mundo, inclusive um ex-presidente do Partido Vermelhão; viu ele mandar
grampear o telefone da presidenta eleita do país, também vermelhona; viu o juiz
mandar relatórios das operações antecipadamente para jornais, revistas e
televisão, que estas formatavam do jeito que lhes aprouvessem, segundo seus
interesses. Candinho viu outros Partidos cheio de corruptos e gente fantasiados
de verde-amarelo cantando o Hino Nacional enrolados na Bandeira Nacional
pedindo o fim da corrupção. E foi vendo... foi vendo... Viu congressistas sendo
dirigidos por um mentiroso, que negava possuir contas no exterior com dinheiro
sujo, acusarem a Presidenta Vermelhona de ter feito “Pedaladas” que ele não
entendia muito bem o que era, e que por isso pediam o “impitimam” dela. E foi
vendo... foi vendo... Viu um país dividido entre lados que tinham toda a razão
nas suas convicções: uns que diziam que para por ordem na casa tinham que tirar
a Presidenta; e, outros que diziam que a ordem estava sendo construída, que se
tirassem a Presidenta eleita agora, era Golpe contra a Democracia.
Mas o que Candinho entende muito bem é essa tal de CRISE,
pois todo fim de mês percebe que seu salário vai perdendo o poder de compra. O
que não entende bem é que para outros a crise parece não afetar em nada as suas
vidas e que, no entanto, embalados pela propaganda, enchem a boca com filé e
champanha para falar em crise nos shoppings e clubes da cidade.
Agora Candinho parou de “ver” e começou a “espiar”. E foi
espiando... foi espiando... Espiou que os congressistas brasileiros que estão
se movendo para retirar a presidenta Dilma Rousseff não estão na melhor posição
para julgá-la, pois 60% deles enfrentam acusações que variam de fraude
eleitoral a homicídio. Candinho que só conhecia pedaladas quando Robinho
jogava, agora sente saudade de um tempo que ainda não aconteceu... Pedala,
Dilma!