Esta frase é do economista Rafael Lucchisi, diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), agora integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE). E ele também diz que “Sociologia e Filosofia não são disciplinas, mas conteúdos”, logo ele é a favor da exclusão das mesmas do rol das disciplinas e qualificá-las apenas como conteúdos que podem ser inseridos em qualquer disciplina de ciências humanas do Ensino Médio.
O que impressiona é que no momento em que estudantes, professores, funcionários públicos e a maioria da população estão indo às ruas para protestar contra “as PEC’s nefastas (241 e 55)” que retiram verbas da Educação, Saúde e Previdência, aparecem esses tipos de pessoas com formação ideológica liberal que separam indústria, empresas e capital, do serviço público e do serviço social público. Isto é, defendem o capital privado extorsivo e a iniciativa privada exploradora e injusta em detrimento do capital público. Pessoas que operam a favor da acumulação injusta da riqueza nas mãos de uma pequena elite tosca, fascistóide e narcisista. Esta mesma elite que bate panelas e se fantasia de verde-amarelo para encantar a população em nome de uma pseudo moral e bons costumes, quando na verdade são eles os responsáveis pela desigualdade gigantesca que aflige o povo da nação.
Dizer que “a escola não está a serviço dos professores” é dizer também que não está a serviço dos estudantes e nem da população; é dizer que a escola está a serviço do capital e da iniciativa privada. A escola está sim a serviço dos professores e, ao mesmo tempo, os professores estão a serviço da escola, porque os professores são trabalhadores como outro qualquer trabalhador deste País. Por exemplo, olha o absurdo dizer que a indústria ou a empresa em que o trabalhador cumpre suas horas de trabalho não estão a seu serviço, em si e para si. O trabalhador precisa da indústria/empresa para trabalhar e sobreviver, é de lá que ele tira o seu sustento. É assim também com o professor, do seu trabalho na escola ensinando-aprendendo que ele tira o sustento para se manter e a sua família. Se a indústria/empresa/escola tiver uma boa estrutura, organização e condições dignas objetivas para se exercer um ótimo trabalho, com certeza o produto final do trabalho atenderá aos padrões de qualidade que se quer atingir para as exigências do mercado/sociedade. Se não, o fracasso também acontece.
E o que dirão a nossa ”vã” Filosofia e a jovem Sociologia para quem tenta desqualificá-las?
A primeira, mãe de todas as ciências, que se inicia quando os antigos gregos se voltam para si e para o mundo se afastando de toda superstição e fantasia na nobre tentativa de entender racionalmente o princípio fundamental de todas as coisas. E até aos dias de hoje ocupa o destacado papel entre suas filhas, as ciências, que muitas das vezes a abandonam e a esquecem no asilo do pensamento. Mas quando se sentem angustiadas e perdidas, é na Filosofia que encontram o refúgio e a força para continuar. E a ciência Sociologia, menina que ganhou este nome de Auguste Conte no século XIX, raiz do pensamento positivista que influenciou pensadores do mundo inteiro, inclusive o brasileiro Benjamin Constant responsável pelo nosso querido lema na Bandeira Nacional, “Ordem e Progresso”, palavras da hora da filosofia positiva. Elas não dirão nada, quem tem a responsabilidade e obrigação de dizer alguma coisa somos nós.
João Pinheiro Neto.