Na rua Visconde de Porto Alegre, no Centro de Manaus, grupos de irmãos disputavam quem "cortava" mais papagaios (pipa) do que o outro: os Cabral, os Pinheiro, os Jatobá, os Simões, os Coelho, os Oliveira, os Braga e muitos outros. O céu colorido com nossos papagaios era nossa arena. De todos os tamanhos, linha, carretel e cerol. Os papagaios do "Russo", que morava na Joaquim Nabuco, eram os melhores. Mas não significava que não sabíamos fazer os nossos papagaios e cerol. Até ficava melhor quando nós fazíamos os nossos próprios, e até ficava mais divertida a disputa. Porque sabíamos do trabalho e o tempo dispensado na confecção artesanal das nossas "armas voadoras". Eita correria quando "quedava" um papagaio, os moleques corriam atrás com varas e "boles" para capturá-lo e levantá-lo de novo. Tempo bom que hoje não tem, hoje os moleques estão dentro de suas casas com vídeo e controle remoto nas mãos, jogos eletrônicos que apagam a essência da liberdade infantil, da inocência criativa de ser criança - apesar da brincadeira de papagaio ser de todas as idades. Quando cortávamos com cerol a linha de um papagaio do outro grupo gritávamos "Bota outro, penoso!". Que bom seria se eu pudesse agora gritar e ver acontecer outra vez o sorriso que se perdeu no tempo...
João Pinheiro Neto.
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