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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

INVASÃO DA REITORIA DA USP: O FIM DAS IDEOLOGIAS?

Em maio de 1968 estudantes franceses se rebelavam contra a ordem escolar daquele país, fato que permanece no imaginário social justamente por ter se convertido em símbolo de uma utopia. Queriam o impossível? Um poder jovem, uma sociedade sem autoridade, um mundo sem classes, justo e igualitário.
Outra data igualmente marcante foi quando em dezembro de 1989, na Alemanha, milhares de pessoas, muitos deles jovens estudantes, iniciaram a derrubada do Muro de Berlim colocando em xeque os regimes “comunistas” na URSS e no Leste Europeu, cujos países foram, nos anos seguintes, integrando-se ao mercado global. Para muitos a prova definitiva de que o modo de vida capitalista é universal, as disparidades sociais são naturais, as hierarquias são necessárias, as diferenças não são bem-vindas e o poder é legítimo porque é o poder estabelecido. Até um eufórico cientista político norte-americano – Francis Fukuyama – chegou a afirmar que estávamos diante do fim da História. Que não haveria, a partir daquele momento, alternativa à democracia neoliberal. Ela seria a última forma de governo humano.
Estes dois momentos acima citados refletem cada um no seu contexto, as transformações pelo qual passava o mundo: O primeiro, a luta daqueles que viam o sistema capitalista como decadente injusto e desumano, propondo como saída uma sociedade “anarquista” ou “socialista”. O segundo, aqueles que perceberam que o mundo d’antes sonhado se mostrou na realidade tão decadente injusto e desumano quanto o outro. Mas, também Fukuyama não está correto, pois o capitalismo - e o neoliberalismo - continua gerando mazelas que nos obriga sempre a buscarmos alternativas para este modo de vida.
Agora, outra data merece destaque aqui. Na semana passada, terça-feira dia 1º de novembro, um grupo de estudantes invadiu o prédio da Reitoria da Universidade de São Paulo (USP), inicialmente como uma reação à presença da polícia no Campus Universitário. Antes da invasão do prédio da reitoria, cerca de mil estudantes organizaram uma assembléia regada a maconha e cerveja para dar seqüência aos protestos que pedem a retirada dos policiais do perímetro do campus. Enquanto alunos esgoelavam frases como "Fora PM! Abaixo a repressão!" num microfone conectado a caixas de som, outros se sentavam no chão, bebiam e fumavam. Às 19h30 daquele dia, num gramado bem perto do lugar reservado aos oradores, e também nos mezaninos do prédio, dezenas de alunos esfarelavam maconha nas mãos, enrolavam cigarros e tragavam à vontade. A polícia não apareceu no local.
Apesar de o ministro Fernando Haddad afirmar que “a USP não pode ser tratada como se fosse a ‘cracolândia’” – região do Centro de São Paulo conhecida pela presença de usuários de crack -, era em que estava se transformando o campus. Não é só em torno do campus que se encontra a violência, o tráfico e o dependente químico. Dentro da própria universidade, como bem retratou o filme “Tropa de Elite”, existe o tráfico.
Resta saber o que motiva os líderes do grupo de estudantes, que hoje dia 9 de novembro foram presos e expulsos do prédio da Reitoria, a não aceitar a presença da polícia, que foi chamada para dar resposta aos assaltos e outros crimes que estavam acontecendo na Universidade.
Se o protesto estudantil estivesse acontecendo em outros tempos, como na ditadura militar pós 64, tudo se justificaria: os estudantes se organizavam em luta contra o autoritarismo antidemocrático de um governo militar. Mas o que observamos hoje é um grupo se utilizando de “velhas” palavras de ordem para justificar suas escolhas individuais. Os estudantes, assim como toda a sociedade, precisam ficar atentos aos novos mecanismos ideológicos de manipulação das massas.
Professor João Pinheiro Neto, o filho de dona Etelvina.

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