“DEUS É GRANDE!”
diziam os três terroristas islâmicos que com metralhadoras AK-47 invadiram a
sala de reunião do jornal satírico francês CHARLIE HEBDO e abriram fogo contra
jornalistas e cartunistas que estavam na reunião de pauta que acontece toda
quarta de manhã (7/1/2015, 11h30 da manhã, hora local). Então eu me pergunto “Que
crentes são estes que em nome de Deus matam pessoas?”. Claro que a religião
Islâmica não é responsável por este ato irracional em nome de Deus. Pelo pouco
que conheço da religião islâmica sei que seus fieis, não necessariamente
muçulmanos, buscam a Deus (Alá, em árabe) como no cristianismo e judaísmo, uma
busca pela PAZ e o AMOR entre os homens.
Sei que o profeta Maomé, fundador do islamismo, seria
descendente do primeiro filho de Abraão, Ismael. Moisés e Jesus seriam
descendentes do filho mais novo de Abraão, Isaac. Abraão, o patriarca do
judaísmo, estabeleceu as bases do que hoje é a cidade de Meca e construiu a Caaba
- todos os fiéis do Islã se voltam a ela quando realizam suas orações.
Portanto, a raiz do Islamismo, Judaísmo e Cristianismo é a mesma: Abraão. Então
por que tanta violência em nome de Deus? Será que é por aquela antiga imagem de
um Deus que se irrita, fica irado, castiga, tem sentimentos iguais aos
sentimentos humanos?
A riqueza humana está nas diferentes culturas por nós construídas, e
as dessemelhanças fenotípicas e genotípicas é o que nos torna belos para a raça
humana. Por isso penso que o que pode justificar tamanha violência é a
ignorância, e que seu estremo tem por base a irracionalidade. As interpretações
radicais das palavras “sagradas” de acordo com interesses individuais ou de
grupos dão origem ao “trolamento” da fé, o fanatismo.
É para viver a paz e o amor ao próximo que eu “mato” Deus todos os
dias quando sou humano, essencialmente humano. É preciso esquecer Deus para
sermos humanos, vivermos nossa humanidade, amar e ser amado sem o temor a Deus.
Sempre achei que Deus não tem nada a ver com temor. Amor não é temor, é nossa
luta diária por um mundo melhor para todos. O amor essencialmente humano não
carece da intermediação de um Deus para ser exercido na sua total intensidade,
isto é, na sua realidade material e concreta. E quando minha alma repleta de
satisfação por realizar este amor ao próximo se enxerga nas minhas boas obras,
Deus renasce como uma paz infinita no meu coração.
Imagino que se os porcos tivessem racionalidade e tivessem que pintar os
seus Deuses, estes deveriam ter a imagem e semelhança de um porco, e o paraíso
seria chafurdar na lama. (Heráclito de Éfeso, sécs. VI-V a.C.).