Acredito na liberdade de expressão. Não compactuo com qualquer tipo de censura. Por isso estudei filosofia. Se este diálogo com você excluísse a minha livre escolha de o que escrever, estaria fazendo outra coisa. Na condição de leitor, quando me sinto incomodado por alguma mensagem, considero que isso faz parte do jogo. Meu incomodo de ouvir não deve cercear o direito das outras pessoas. Eu posso sempre deixar de ler, ver ou ouvir. Mas não posso proibir outras pessoas de terem a mesma experiência e de eventualmente extraírem conclusões diferentes da minha.
Isso implica outra constatação: você e eu somos adultos responsáveis e podemos tomar conta de nós mesmos. Não precisamos de ninguém decidindo o que podemos ver, ler ou ouvir. Se você disser algo ofensivo, deve arcar com as conseqüências disso, inclusive legalmente. Mas você deve ter o direito de dizê-lo. E eu o direito de ouvi-lo, nem que seja para processá-lo logo em seguida. Não aceito ninguém regulando antecipadamente essa relação. Afinal, não há ninguém melhor do que eu mesmo para decidir o que posso ou não ouvir.
Recuso-me a fazer o papel de censor numa relação de comunicação em que pertence a você e não a mim decidir o que pode ler-ver-ouvir. Penso que você é inteligente o bastante para discernir entre o que é bom e o que é ruim para si. Eu respeito muito a capacidade de todos de analisar e escolher o que bem quiser.
Você é livre, e por ser livre pode seguir ou não os conselhos da consciência. No entanto, lembre-se que as idéias nem sempre são suas, às vezes você defende posições de um grupo, classe ou doutrina acreditando que são suas. Sabe como é: pensar todo mundo pensa; mas refletir, pensar os seus pensamentos (por que penso assim e não de outro jeito?) nem todo mundo faz. Por isso, deixo a dica: reflita os seus pensamentos antes de agir, falar, ver ou escrever algo.
Pinheiro Neto.