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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Acredito na liberdade de expressão. Não compactuo com qualquer tipo de censura. Por isso estudei filosofia. Se este diálogo com você excluísse a minha livre escolha de o que escrever, estaria fazendo outra coisa. Na condição de leitor, quando me sinto incomodado por alguma mensagem, considero que isso faz parte do jogo. Meu incomodo de ouvir não deve cercear o direito das outras pessoas. Eu posso sempre deixar de ler, ver ou ouvir. Mas não posso proibir outras pessoas de terem a mesma experiência e de eventualmente extraírem conclusões diferentes da minha.
Isso implica outra constatação: você e eu somos adultos responsáveis e podemos tomar conta de nós mesmos. Não precisamos de ninguém decidindo o que podemos ver, ler ou ouvir. Se você disser algo ofensivo, deve arcar com as conseqüências disso, inclusive legalmente. Mas você deve ter o direito de dizê-lo. E eu o direito de ouvi-lo, nem que seja para processá-lo logo em seguida. Não aceito ninguém regulando antecipadamente essa relação. Afinal, não há ninguém melhor do que eu mesmo para decidir o que posso ou não ouvir.
Recuso-me a fazer o papel de censor numa relação de comunicação em que pertence a você e não a mim decidir o que pode ler-ver-ouvir. Penso que você é inteligente o bastante para discernir entre o que é bom e o que é ruim para si. Eu respeito muito a capacidade de todos de analisar e escolher o que bem quiser.
Você é livre, e por ser livre pode seguir ou não os conselhos da consciência. No entanto, lembre-se que as idéias nem sempre são suas, às vezes você defende posições de um grupo, classe ou doutrina acreditando que são suas. Sabe como é: pensar todo mundo pensa; mas refletir, pensar os seus pensamentos (por que penso assim e não de outro jeito?) nem todo mundo faz. Por isso, deixo a dica: reflita os seus pensamentos antes de agir, falar, ver ou escrever algo.

Pinheiro Neto. 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A ATITUDE CRÍTICA DE KARL DAS DE JARÁCA OU "COÇATURÁ"

Outro dia numa grande conversa ouvi o "fisólofo" - termo para designar a filosofia anarquista amazônica - manau Karl Das de Jaráca afirmar categoricamente que não existe crítica construtiva, mas apenas crítica destrutiva, que uma tese implica uma tese contrária e desse embate surge uma nova tese, ou seja, é da porrada entre as teses que surge o novo. Que sacada maravilhosa! Penso que se estabeleceu uma relação semântica entre crítica e tese. Então, a crítica como uma apreciação minuciosa, um exame para verificar a perfeição e os defeitos, analisar com critérios o que se apresenta e se defende, às vezes perante uma banca examinadora em escolas superiores, são - a crítica e a tese - "farinha do mesmo saco".

Agora entendi porque alguns nativos chamam carinhosamente o nobre fisólofo pelo seu nome indígena Coçaturá, do tupi coça, pisa, bate, e de aturá, cesto, saco, que em português traduz-se "porrada no saco" e, outros o chamam "cumbuca de cana" (este relativo a um dos seus inúmeros hábitos, mas que aí é outra estória". O que interessa aqui é a sua postura "fisolófica" que faz escola na Amazônia, de que a tese/crítica é uma porrada, e como toda porrada bota pra quebrar, derruba, destrói, e claro que tudo isso na tentativa de se construir o novo, o melhor. Parodiando o alemão: "tudo que é sólido de desmancha na porrada".

A índia Chauí afirma que "a primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, ao preconceitos, aos pré-juízos, aos fatos e as idéias da experiência cotidiana, ao que todo mundo diz e pensa". Diz ainda que "a segunda característica da atitude filosófica é positiva , isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos". Portanto, a face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico. Em outras palavras, juntando a positiva com a negativa temos: sei que não sei e quero saber. Daí, quando a atitude crítica é justa e necessária não é uma porrada, antes seria um colírio de lucidez, uma contribuição ao debate.

Mas, diferente de nos otros, diante de uma questão, Coçatura toma distância, como quem vai bater um pênalti, e parte "vapt", errou; outra vez, errou; mas na sua fisolofia pode, não é um jogo de futebol, dá pra chutar o pênalti várias vezes; o importante é, quando acertar, quebrar, destruir: Penso, logo quero quebrar. Seus discípulos já estão acostumados, vez ou outra, aparece um com algum membro quebrado, porque não soube acompanhar o mestre nas suas investigações. No entanto, engana-se quem pensa que por conta disso o fisólofo Karl Das de Jaráca é um sujeito violento. De maneira alguma, ele é um pajé de pessoa, delicado, amante das artes, de beiju (bolo de massa de mandioca ou tapioca", peixe e cachiri (bebida alcoólica). Também adora a dança do acasalamento, o que já lhe rendeu inúmeras dores de cabeça pelo seu espírito livre de ser.

De modo geral, antes das tribos do sul criarem o "pancadão", aqui no norte o nosso filho da terra Coçaturá já andava dando as suas pancadas ou porradas nos PPP's, Políticos Pilantras de Plantão, mas como ele mesmo gosta de falar, preferiria estar dando pau em outros PPP's, na Perereca da Piranha do Piracuí. Vamos esperar pra ver.

Por: Pinheiro Neto, o filho de dona Etelvina.